Nascida e criada em Portugal. Já morei na Polónia, no Brasil, na República Checa e agora é a Suécia que me acolhe.
O meu blogue, tal como o meu cérebro, é uma mistura de línguas. Bem vindos!

Born and raised Portuguese. I have lived in Poland, Brazil, Czech Republic and now I'm in the beautiful Sweden.
My blog, just like my brain, is a blend of languages. Welcome!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O primeiro dia do resto da minha vida

Ao contrário do que muitos me disseram...

Não foi o dia do baile de finalistas do liceu.
Não foi o dia em que deixei a minha cidade para ir morar sozinha.
Não foi o dia em que terminei a licenciatura.
Não foi o dia que me tornei uma emigrante.
Não foi o dia que me chamaram pela primeira vez "doutora Costa".

Não foi nenhum desses dias também tão importantes na minha vida.
Amanhã sim... amanhã será o primeiro dia do resto da minha vida...

sábado, 27 de agosto de 2011

Almoço brasileiro em Portugal


1. Feijão (o prato era da minha irmã e ela não gosta de feijões)
2. Arroz (branco e bem solto senão não é brasileiro)
3. Picanha
4. Vinagrete
5. Farofa
6. Couve mineira
7. Linguiça
8. Angú
9. Polenta frita


Cozinhei tudo direitinho como aprendi no curso de cozinha mineira. Toda a gente gostou e o que fez mais sucesso foi a polenta frita. Nas próximas férias há mais!

Churrasco brasileiro

Os brasileiros são doidos por churrasco. A típica familia brasileira vai a/faz churrascos pelo menos duas vezes por semana. E que churrascos... nada de carne assada ao almoço a acompanhar com batatas e salada. O típico churrasco brasileiro dura o dia todo, sem nunca ninguém se sentar durante muito tempo. O churrasqueiro, que pode ser da família ou contratado, passa o dia todo na churrasqueira a virar carne e a beber cerveja. 

A típica comida de churrasco são os vários tipos de carne de vaca (picanha, maminha, etc), asas e pernas de frango, linguiça, e queijo provolone grelhado. Um queijo grelhado em particular é uma especialidade. Melhor ainda se for acompanhado com pedaços de abacaxi (natural claro!). Outra especialidade bastante apreciada são os coraçoezinhos de galinha. Antes de provar também me arrepiava, mas depois de provar... é mesmo muito bom! Às vezes há ainda pão de alho e banana grelhada regada no final com leite condensado. Na mesa, geralmente pequena e encostada a um canto, há farofa e vinagrete (ver fotos). A salada de fruta também é comum. As pessoas ficam em pé e sem prato. O churrasqueiro grelha um pedaço de carne,/linguiça/queijo,  corta para um prato e o prato circula de mão em mão. Ou seja, come-se o dia todo, mas sempre sem se ficar cheio. A cerveja essa, nunca falta e pode ser em lata ou em garrafas de 1L. 

Ontem, por exemplo, houve churrasco lá no departamento. Acabei de dar aula às 18.30, cheia de fome pois só tinha almoçado. Fiquei no churrasco até às 22h e comi só carne e linguiça, pois não havia mais nada. Se me queixo? Claro que não! Mas para estômagos mais frágeis que não estejam habituados pode ser algo perigoso.

Várias carnes prontas para churrascar

 
Queijo grelhado

Farofa: mistura de farinha com tudo o que se quiser pôr...

Vinagrete: pimentos coloridos e cebola picadinhos mergulhados numa mistura de água e vinagre

Começo a achar...

... que o meu trabalho é bom...

Submeti o mesmo trabalho para TRÊS conferências/encontros e nas TRÊS foi escolhido como apresentação oral...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Quem é amiga, quem é?

Um amigo meu ia fazer uma endoscopia (aquele exame onde se enfia um tubo pela goela abaixo) e como ia levar anestesia geral pediram-lhe para levar alguém a acompanhar. Eu fui a escolhida e lá fui com ele para o poder levar para casa se ele ficasse tonto. Como o rapaz não fala muito bem português e estava super nervoso pedi para entrar com ele caso ele precisasse. 

Assisti ao exame todo, o médico explicou-me e mostrou-me todos os canais e válvulas, e ainda tive direito a fazer um monte de perguntas. Já no finalzinho do exame, que não demorou mais de 10 minutos, o médico enfia outro tubinho lá dentro com uma espécie de pinça para recolher tecido para fazer uma biopsia. Aquilo deu uma puxadela no estômago e literalmente arrancou um pedaço de "pele". Não era muito grande mas acho que o meu cérebro não gostou muito da imagem porque a seguir tive que me sentar...

Lembro-me que me sentei no chão... sonhei com a minha irmã... e acordei com 5 cabeças a olhar para mim...

Levaram-me para um cadeirão onde os pacientes da endoscopia recuperam e como o meu amigo acordou logo e estava bem sentou-se ao meu lado até eu ficar melhor para depois me levar para casa...

domingo, 21 de agosto de 2011

A casamenteira...

No meu último dia em Pelotas, durante o churrasco, conheci um rapaz que era de Porto Alegre. No dia seguinte eu ia para Porto Alegre onde ia ficar 2 dias para conhecer a cidade e o rapaz disse que também ia passar o fim de semana a casa e que se eu quisesse podiamos sair para ir beber um copo. Disse-lhe que sim e na hora de sair, já em Porto Alegre, fiquei de pé atrás a pensar "e se ele acha que eu quero alguma coisa com ele?", mas decidi ir à mesma. 

Respirei de alívio quando percebi que à porta do meu hotel estavam à minha espera não só ele, como também a mãe dele. Óptimo! Fomos a um barzinho muito simpático e com o decorrer do tempo, e da cerveja, a mãe dele começou a falar mais e mais. No final a conversa já era "Sara, gostei muito de a conhecer e você sabe como é... você é uma mulher linda, o meu filho é um homem lindo...". Oh não... O filho corou até à raiz dos cabelos e não falou mais comigo o resto da noite (como se a culpa fosse minha...) e como já tínhamos combinado antes de eles me mostrarem a cidade na manhã seguinte, só apareceu a mãe pois o filho deve-se ter recusado a alimentar a imaginação da mãe.

Ainda me acusou de ser má filha, pois moro muito longe da minha mãe e que ela jamais deixaria o filho morar fora do estado, quanto mais do país. Além disso, o filho que é da minha idade, apenas saiu para morar a 300km de Porto Alegre há um ano atrás e ela já mal pode esperar por ele voltar para casa outra vez, porque apesar de ser da minha idade ele vai morar lá em casa até ela decidir que pode sair, que será provavelmente nunca... 
Claro... o sonho de qualquer rapariga é ir enfiar-se numa familia assim... imagino que a candidatas a nora não sejam muitas...

Onde é o casamento?

Não resisti a comentar uma situação engraçada que vi neste pequeno encontro em Pelotas. A organização estava orgulhosa de ter envolvido tantos estudantes, muitos deles do primeiro ano da universidade. Para a maioria deles era também a sua primeira conferência. A conferência foi muito informal e relaxada, pois além de ser pequena (cerca de 150 pessoas), a maioria das pessoas pertenciam a universidades do próprio estado e bom... era no Brasil (onde tudo é sempre mais relaxado).

No primeiro dia, depois da abertura oficial houve uma pequena festa de abertura com bebidas e canapés. Os estudantes andavam por lá descontraídos a cumprimentar toda a gente nas suas camisolas com gorro, o que não destoava de todo pois andava toda a gente vestida de modo bem informal. No dia seguinte , meia duzia deles apareceram na conferência de fato completo, camisa branca, gravata às cores e sapatos bem engraxados e a brilhar. Assim que os vemos entrar eu e o C. olhamo-nos e perguntámos ao mesmo tempo "Onde é que será o casamento?".

A conferência "vamos todos discriminar a Sara"

Plano 1. Vamos deixar a Sara morrer de seca.

Fui a esta conferência porque o meu colega C. tinha sido convidado e ia sozinho. Como foi a organização que pagou o voo dele, marcaram-lho às 6h da manha sem ele poder decidir e eu como boa colega que sou decidi ir no mesmo voo que ele. A conferência disponibilizava transporte grátis de Porto Alegre (o aeroporto mais perto) até Pelotas para toda a gente. Quando a organização me enviou um email a perguntar a que horas chegava o meu voo para tratarem do transporte, fiz questão de escrever claramente que era o mesmo voo do C.. Ao chegar ao aeroporto fomos informados que não iriamos juntos para Pelotas, pois o C. era convidado e ia de carro, enquanto que eu teria que ir de autocarro com os outros. Achei um bocado de discriminação, mas tudo bem. Provavelmente tinham mais convidados para levar e não os iam pôr a eles no autocarro por minha causa. Eram 9h30 da manhã...

O autocarro saiu finalmente do aeroporto em direcção a Pelotas às 16.30 da tarde...  Com pouca informação lá me foram enrolando a mim ao motorista, que esperava comigo dentro do autocarro, que estavamos quase a sair. Desde as 11 da manhã que ouvi que estavamos quase a sair. Como estavamos quase a sair e íamos parar para almoçar não comi nada... Sem paciência nenhuma reclamei ao rapazito (~20 anos) da organização, que depois de um telefonema para o chefe lá me disse que quando parássemos para comer a comissão pagaria a minha refeição. Eram 18h quando comi, e a correr, pois a conferência começava às 20h e ainda tinhamos largos quilometros a percorrer. A parte boa é que depois de horas sem fim à conversa com o motorista, fiquei amiga dele. Fiz a viagem sentada ao lado dele (os autocarros aqui têm todos a cabine do motorista separada dos passageiros por uma parede) e ele serviu de guia a viagem toda. Quando chegámos a Pelotas o rapaz não deixou as pessoas ir aos respectivos hotéis pois estavamos em cima da hora da abertura do encontro. Eu, em pé desde as 4h da manhã e a cheirar a cavalo nem precisei reclamar mais com o rapaz... bastou um olhar para ele me dizer "achas que o motorista te pode deixar no teu hotel?". Depois de um banho merecido cheguei ao hotek da conferência onde o meu colega C. me viu e perguntou "mas vieste a pé foi?" e me disse que havia lugares vazios no carro onde ele veio, mas o organizador não deixou que eu fosse com ele porque não estava na lista. Lista essa que segundo o C. era um papel escrito à mão pelo próprio rapaz...


Plano 2. Vamos fingir que a Sara não é ninguém

Apesar de ter sido escolhida para uma apresentação oral nunca ninguém veio ter comigo para pelo menos ver quem eu era, já que para eles era só mais um nome na lista e não uma cara conhecida. Fizeram-no 5 minutos antes da minha sessão começar, quando em pânico por acharem que eu não estava lá, me chamaram ao microfone durante o coffee break.

Nesta conferência inventaram ainda a avaliação não só dos posters como também das apresentações orais. Avaliaram a primeira sessão. Ok. Mas... marcaram a avaliação dos posters exactamente ao mesmo tempo da minha sessão. Ou seja, além de não podermos ser avaliados, não havia quase ninguém na sala quando apresentámos porque professores e alunos estavam na avaliação de posters!


Plano 3. Vamos envergonhar a Sara (mas eu dei-lhes a volta!)

Por coincidência, eu conhecia o convidado de honra da conferência, que era um indiano que trabalhou no meu projecto quando eu estava na Polónia. Claro que foi muito bom reve-lo e ainda melhor num local tão diferente e distante de todos os outros onde nos tínhamos cruzado antes. Como não havia quase ninguém a ver a minha apresentação, mas ele estava lá, decidi falar em inglês. Apenas duas pessoas o fizeram e o coitado do indiano deve ter apanhado grandes secas a olhar para slides que não entendia. Além disso, os poucos estudantes que lá estavam, pertenciam à organização, e estavam atrás em pé à conversa e a fazer barulho (no final foram chamados a atenção pelo chairman da minha sessão).

No final da conferência e depois de um divertido churrasco sentei-me à mesa com alguns dos estudantes que ajudaram na organização. Em conversa calhei a dizer que tinha apresentado em inglês, até porque quando desato a falar rápido ninguém me entende aqui no Brasil. Os estudantes quase me saltaram para cima! O quê? Falaste em inglês? Então preferiste falar em inglês para que uma pessoa na sala te pudesse entender, em vez de falares em português para que os estudantes pudessem aprender com o teu trabalho? Nem precisei de pensar na resposta... Apenas lhes disse que se na idade deles  ainda não conseguem entender uma palestra em inglês é mau sinal e perguntei-lhes onde estavam nessa altura para não saberem sequer em que lingua eu tinha falado. Coraram e desfizeram-se em desculpas esfarrapadas...

Claro que nada disto foi feito de propósito, e eu estive longe de ser o foco de atenção da organização, mas como aconteceu tudo em 2 dias, só me perguntava que mais me haveria de acontecer. Além disso, fui a este encontro para fazer companhia ao C. porque ele ia sozinho, mas acabámos por ser separados várias vezes porque ele era convidado e tinha uma agenda diferente da minha. Ainda assim foi interessante, e o churrasco do último dia valeu a pena e diverti-me bastante.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Pelotas

Pelotas é uma cidade pequena, no estado do Rio Grande do Sul, não muito longe do Uruguai. A cidade é pequena, com uma rua fechada ao trânsito e cheia de lojas e pouco mais. Tem um jardim/mini parque simpático onde musicos de rua tentam ganhar uns trocos.



Tinham-me dito que no sul se nota uma influência europeia muito maior. No sul existem vilas que tirando pelo calor que faz, poderiam levar qualquer pessoa a pensar que está na Alemanha, na Itália ou até em Portugal. Não vi nenhuma dessa vilas, mas percebi a influência europeia nas ruas, no tipo de casas e até nos costumes.



Tive a sorte da minha estadia em Pelotas coincidir com a Fenadoce, a maior feira anual de doces do Brasil. A feira em si era uma imensidão de barraquinhas, das quais a maioria só vendia doces. A variedade de doces era enorme e todos eles tinham, a meu ver, açucar a mais (como tantas outras coisas no Brasil). Quando cheguei ao hotel deram-me doces. No quarto tinha doces. No coffee break da conferência serviam doces. Depois do almoço comiam-se doces. A maioria eram doces tipo bombom, deliciosos, mas que não se conseguia comer mais do que um. Na Fenadoce escolhi o doce com menos açucar que encontrei: mousse de limão. Foi o melhor mousse que alguma vez comi! Indescritivel!

Igreja coberta de trepadeiras. No verão fica cheia de flores.

O melhor de Pelotas, e de Porto Alegre também foi a simpatia e hospitalidade das pessoas. Desde o motorista de taxi, ao recepcionista do hotel, passando pelo motorista do autocarro, toda a gente era não só extremamente prestável, como também gostavam de conversar (sem bisbilhotar!) e de apontar/mostrar o que de melhor tem a sua terra.

 Coisas de cidade pequena...

domingo, 14 de agosto de 2011

O mundo dá muitas voltas estranhas

Saí para um churrasco de um primo de um colega meu brasileiro e aprendi uma canção em sueco que um alemão que lá estava me ensinou, cuja mulher era polaca!

Quase tão complicado como quando as pessoas nos perguntam a mim e ao MQT "e como é que se conheceram?"... 

Quase...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Férias de Emigrante

Eu não teria feito melhor descrição das minhas próprias férias...

"Não sei se sou a única que o sente, ou se é um sentimento partilhado por todos os que estão fora, de que as vindas de férias à pátria nem sempre têm bem sabor a férias. Isto porque, de cada vez que se vem, e independentemente do número de dias, há sempre uma série de obrigações sociais a cumprir que por vezes nos deixam muito poucos dias para fazer o que nos dá na real gana. Ele são as visitas protocolares a familiares e amigos, jantares e almoços obrigatórios, mais uns dias a tratar de burocracias ou o que quer que esteja pendente, e puf, uma pessoa até queria mesmo era chegar e pirar-se para a praia, ou passar tardes em esplanadas, e nada, qual quê. E mesmo assim é-se sempre criticada quando não se consegue ver toda a gente, porque não se ligou, ingrata que nem apareceu, egoísta de merda que decidiu ir os dois dias que sobravam para a praia em vez de visitar, esquecendo-se as pessoas de que somos apenas uma a tentar dividir-se por trinta num curto espaço de tempo, e que o telefonema pode também partir do outro lado."

Escrito pela Luna, roubado daqui.