Nascida e criada em Portugal. Já morei na Polónia, no Brasil, na República Checa e agora é a Suécia que me acolhe.
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Born and raised Portuguese. I have lived in Poland, Brazil, Czech Republic and now I'm in the beautiful Sweden.
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domingo, 21 de agosto de 2011

A conferência "vamos todos discriminar a Sara"

Plano 1. Vamos deixar a Sara morrer de seca.

Fui a esta conferência porque o meu colega C. tinha sido convidado e ia sozinho. Como foi a organização que pagou o voo dele, marcaram-lho às 6h da manha sem ele poder decidir e eu como boa colega que sou decidi ir no mesmo voo que ele. A conferência disponibilizava transporte grátis de Porto Alegre (o aeroporto mais perto) até Pelotas para toda a gente. Quando a organização me enviou um email a perguntar a que horas chegava o meu voo para tratarem do transporte, fiz questão de escrever claramente que era o mesmo voo do C.. Ao chegar ao aeroporto fomos informados que não iriamos juntos para Pelotas, pois o C. era convidado e ia de carro, enquanto que eu teria que ir de autocarro com os outros. Achei um bocado de discriminação, mas tudo bem. Provavelmente tinham mais convidados para levar e não os iam pôr a eles no autocarro por minha causa. Eram 9h30 da manhã...

O autocarro saiu finalmente do aeroporto em direcção a Pelotas às 16.30 da tarde...  Com pouca informação lá me foram enrolando a mim ao motorista, que esperava comigo dentro do autocarro, que estavamos quase a sair. Desde as 11 da manhã que ouvi que estavamos quase a sair. Como estavamos quase a sair e íamos parar para almoçar não comi nada... Sem paciência nenhuma reclamei ao rapazito (~20 anos) da organização, que depois de um telefonema para o chefe lá me disse que quando parássemos para comer a comissão pagaria a minha refeição. Eram 18h quando comi, e a correr, pois a conferência começava às 20h e ainda tinhamos largos quilometros a percorrer. A parte boa é que depois de horas sem fim à conversa com o motorista, fiquei amiga dele. Fiz a viagem sentada ao lado dele (os autocarros aqui têm todos a cabine do motorista separada dos passageiros por uma parede) e ele serviu de guia a viagem toda. Quando chegámos a Pelotas o rapaz não deixou as pessoas ir aos respectivos hotéis pois estavamos em cima da hora da abertura do encontro. Eu, em pé desde as 4h da manhã e a cheirar a cavalo nem precisei reclamar mais com o rapaz... bastou um olhar para ele me dizer "achas que o motorista te pode deixar no teu hotel?". Depois de um banho merecido cheguei ao hotek da conferência onde o meu colega C. me viu e perguntou "mas vieste a pé foi?" e me disse que havia lugares vazios no carro onde ele veio, mas o organizador não deixou que eu fosse com ele porque não estava na lista. Lista essa que segundo o C. era um papel escrito à mão pelo próprio rapaz...


Plano 2. Vamos fingir que a Sara não é ninguém

Apesar de ter sido escolhida para uma apresentação oral nunca ninguém veio ter comigo para pelo menos ver quem eu era, já que para eles era só mais um nome na lista e não uma cara conhecida. Fizeram-no 5 minutos antes da minha sessão começar, quando em pânico por acharem que eu não estava lá, me chamaram ao microfone durante o coffee break.

Nesta conferência inventaram ainda a avaliação não só dos posters como também das apresentações orais. Avaliaram a primeira sessão. Ok. Mas... marcaram a avaliação dos posters exactamente ao mesmo tempo da minha sessão. Ou seja, além de não podermos ser avaliados, não havia quase ninguém na sala quando apresentámos porque professores e alunos estavam na avaliação de posters!


Plano 3. Vamos envergonhar a Sara (mas eu dei-lhes a volta!)

Por coincidência, eu conhecia o convidado de honra da conferência, que era um indiano que trabalhou no meu projecto quando eu estava na Polónia. Claro que foi muito bom reve-lo e ainda melhor num local tão diferente e distante de todos os outros onde nos tínhamos cruzado antes. Como não havia quase ninguém a ver a minha apresentação, mas ele estava lá, decidi falar em inglês. Apenas duas pessoas o fizeram e o coitado do indiano deve ter apanhado grandes secas a olhar para slides que não entendia. Além disso, os poucos estudantes que lá estavam, pertenciam à organização, e estavam atrás em pé à conversa e a fazer barulho (no final foram chamados a atenção pelo chairman da minha sessão).

No final da conferência e depois de um divertido churrasco sentei-me à mesa com alguns dos estudantes que ajudaram na organização. Em conversa calhei a dizer que tinha apresentado em inglês, até porque quando desato a falar rápido ninguém me entende aqui no Brasil. Os estudantes quase me saltaram para cima! O quê? Falaste em inglês? Então preferiste falar em inglês para que uma pessoa na sala te pudesse entender, em vez de falares em português para que os estudantes pudessem aprender com o teu trabalho? Nem precisei de pensar na resposta... Apenas lhes disse que se na idade deles  ainda não conseguem entender uma palestra em inglês é mau sinal e perguntei-lhes onde estavam nessa altura para não saberem sequer em que lingua eu tinha falado. Coraram e desfizeram-se em desculpas esfarrapadas...

Claro que nada disto foi feito de propósito, e eu estive longe de ser o foco de atenção da organização, mas como aconteceu tudo em 2 dias, só me perguntava que mais me haveria de acontecer. Além disso, fui a este encontro para fazer companhia ao C. porque ele ia sozinho, mas acabámos por ser separados várias vezes porque ele era convidado e tinha uma agenda diferente da minha. Ainda assim foi interessante, e o churrasco do último dia valeu a pena e diverti-me bastante.

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