Durante os preparativos para a viagem li muitas páginas sobre o Peru, incluindo sobre a gastronomia local. Se por um lado lia nos guias que a cozinha peruana era uma espécie de cozinha francesa da América do Sul (numa das páginas da internet li que o Peru tem a segunda melhor culinária do mundo!), por outro lado tinha a rapariga da agência de viagens a dar-me panfletos sobre cuidados a ter com a comida durante a viagem, como por exemplo que podia esquecer as saladas e os vegetais crus. Eram informações contraditórias e eu já não sabia o que pensar.
No primeiro jantar, em Lima, evitei os tais vegetais crus, mas logo percebi que isso era um erro e que a cozinha peruana era para ser aproveitada em todo o seu potencial. Todos os vegetais eram super frescos e saborosos. Na verdade, já tive mais problemas com a qualidade dos vegetais aqui no Brasil do que lá.
A agricultura no Peru é muito rica em batatas (mais de 2000 tipos, segundo os guias locais) e em milho. As batatas podem ser mais ou menos doces, de todos os tamanhos e cozinhadas de vários modos. Algumas são vendidas desidratadas e depois cozinhadas normalmente. O sabor é diferente e muito bom. O milho também pode ter vários tamanhos (havia um tipo que um grão ocupava metade do garfo!), cores e pode ser comido cozinho, tostado (pareciam pipocas que não rebetaram, uma delícia!), em molhos, em sopas, etc. Estes dois produtos são os acompanhantes mais comuns das refeições principais.
Um graozinho...
... ou mais para acompanhar.
Alguns tipos de milho (a qualidade da foto não é a melhor porque não se podiam tirar fotos neste museu).
O terceiro produto mais comum são os ajis, uma espécie de chili ou pimentos picantes, vendidos frescos, secos, ou em pó e consumidos em molhos.
Aji de frango
Anticuchos (em Lima), espetadas de carne, batatas e milho
Com tanta riqueza em vegetais, as sopas são também um elemento constante nas refeições peruanas. E que sopas! Curiosamente, as melhores sopas que comi foi durante o caminho Inca, feitas pelo chef do acampamento.
Sopa de legumes (mais próxima) e uma espécie de canja de galinha (ao fundo).
Sopa à base de milho
Quanto às proteínas, a cozinha peruana contém muito peixe e mariscos, devido à sua extensa costa marítima, e carnes como alpaca e cuy (porquinho da india), além dos tipos mais comuns como vaca, porco, frango e pato.
Alpaca com molho de frutos vermelhos, batatas desidratadas e legumes.
Cuy com batatas
Peixe grelhado com ervas, acompanhado de batatas e molho de milho.
Frango recheado com tomate e espinafres, puré de milho e vegetais.
Bife de porco com queijo e tomates, acompanhado de batatas, legumes e abacate.
Vários tipos de batatas e vegetais.
Peixe fresco grelhado
Porque a comida era tão boa, provei poucas sobremesas porque ficava bem satisfeita só com o prato principal.
Pudim e arroz com leite (versão do nosso arroz doce) coberto de mazamorra, um doce feito à base de milho escuro.
Talvez por influência espanhola, as tapas também constam nos menus.
Tapas: espetada de frango, queijo grelhado, tomate fresco, abacate, beringela grelhada, pimentões e humus.
Tapas: pão, batatas panadas, meloa, fiambre, tomate fresco, queijo com ervas e azeitonas, nachos, e guacamole.
As bebidas mais tradicionais são o Pisco Sour (com álcool) e a Chicha Morada, uma bebida à base de milho. Se o que queremos é um refrigerante, temos a Inca Kola, uma bebida de sabor indescritível (fiquei viciada!!!). Podemos ainda beber uma Cusqueña, a cerveja local ou optar pelo chá de folhas de coca, que hidrata e ajuda a reduzir os sintomas da altitude.
Inca Kola, de cor amarela e sabor a pastilha elástica.
Chá de folhas de coca e menta fresca
Além de disso, o serviço nos restaurantes era excelente, fossem eles mais ou menos populares. Os empregados primam por fazer com que os seus clientes se sintam bem e aproveitem a sua refeição. Num deles, o empregado depois de nos perguntar de onde eramos e se estavamos a gostar da viagem, agradeceu-nos muito por termos escolhido visitar o Peru e por estarmos a contribuir para o desenvolvimento do país. Bem diferente de muitos restaurantes de Belo Horizonte, onde atender um cliente que não fala português é encarado como um frete.
Durante o caminho Inca a comida foi sempre fantástica. Além das sopas, comemos peixe, carne, pão de alho, pizza, crepes e ainda havia as happy hour, com pipocas, bolachas e chocolate quente.
Banquete do jantar de despedida
O meu prato...
Happy hour!
Infelizmente, dez dias não foram o suficiente para provar tudo o que a cozinha peruana tem para oferecer, e isso mostra como é uma cozinha rica e muito variada, tanto em produtos como em técnicas culinárias. Se visitarem o Peru, não hesitem... provem tudo e deixem-se levar pelos sabores andinos.
Para reduzir as saudades desta viagem e da comida peruana, trouxe dois livros de receitas tradicionais e alguns produtos que aqui não se encontram. Agora é só ganhar coragem e tentar reproduzir o que por lá comi...
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