Nascida e criada em Portugal. Já morei na Polónia, no Brasil, na República Checa e agora é a Suécia que me acolhe.
O meu blogue, tal como o meu cérebro, é uma mistura de línguas. Bem vindos!

Born and raised Portuguese. I have lived in Poland, Brazil, Czech Republic and now I'm in the beautiful Sweden.
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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

No ferry boat

Esta não foi uma viagem de barco qualquer, foi A viagem de barco. 

Neste ferry a viagem demora mais de 5h e pára em outras 2 ilhas no caminho. Depois da ultima noite, na qual dancei até de manhã, e de uma manhã de palestras, quando cheguei ao ferry estava super cansada e cheia de sono. Assim, em vez de ir no silencioso, mas ventoso ultimo nível do barco, decidi esticar-me num dos sofás do primeiro nível. Durante a primeira hora o barco ia quase vazio e dormi. Quando parou na primeira ilha depois de Mykonos as coisas pioraram. Começaram a entrar grupos de idosas barulhentas, sempre a correr para poderem guardar lugar para as amigas. A disputa de lugares era tão grande que havia discussões e gritos em todo o lado. Dois desses grupos de velhinhas sentaram-se ao pé de mim. O barulho aumentou tanto que dormir tornou-se impossível, mas ao mesmo tempo não me queria levantar e perder o meu lugar porque o barco estava completamente cheio. 

Eis que chegou um dos momentos altos da minha viagem... quando uma das avozinhas saca do cesto de piquenique e começa a partir pão caseiro, que barrava com geleia de laranja que ela mesma tinha feito, e fatias deste manjar tão simples mas tão apetitoso começaram a passar-me debaixo do nariz (pediram-me para mudar de lugar por causa das malas e eu acabei por ficar no meio delas todas). 

Como eu tinha sido simpática e até tinha mudado de lugar como elas me pediram acabaram por me oferecer também um pedaço de pão. Mortinha por experimentar algo grego mais grego não há, aceitei. Sim, o queijo feta, a salada grega são mais famosos do que um pão com geleia, que nós também temos disso lá em Portugal. Mas uma avozinha sabe sempre como cozinhar melhor, por isso... A seguir às 2 fatias de pão que me deram, veio uma fatia de bolo de algum ingrediente que não consegui decifrar (as senhoras explicaram-me tudinho, mas em grego). Daí a um bocado ainda houve ameixas, descascadas e cortadas em pedaços para que todos os da fila pudessem comer um pedaço (éramos cerca de 14). 

Foi o melhor que podia ter feito, porque a viagem foi mais lenta e acabou por durar mais de 6h e a fila do bar era interminável. Acabei por ficar por ali a viagem toda, apesar do barulho de 300 pessoas a falar alto. 

Quando paramos na segunda ilha, começou o entretenimento. Desde a ilha anterior que havia uma velha que dizia que tinha um problema no pescoço e ia toda esticada em um sofá de 2 lugares e uma cadeira. Com a entrada de mais pessoas, houve um senhor que lhe pediu para se sentar com a esposa, porque não havia mais lugares. A senhora recusou-se, disse que estava doente e que tinha que ir deitada. O que acontece é que a mulher era super energética e quando não estava deitada andava sempre de um lado para o outro e falava muito alto e rápido, pelo que toda a gente pensava que o que ela queria era ir bem. Com a recusa da senhora, começaram os gritos, o senhor ameaçou bater na mulher com uma cadeira, um dos capitães foi chamado, o barco inteiro parou para ver a cena e eu com bilhetes de primeira fila, porque foi tudo logo atrás do meu lugar. Gostava de ter entendido o que foi dito, porque havia muita gente a rir, mas não havia ninguém que falasse inglês ali. 

Um ultimo ponto alto foi o diálogo de uma das velhinhas comigo. Sabe-se lá como, lá lhes disse que era de Portugal mas morava no Brasil e uma ou outra coisa mais. 
Foi a loucura! No final as senhoras gostaram tanto de mim que me abraçaram e tudo. Umas fofas!

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