Nascida e criada em Portugal. Já morei na Polónia, no Brasil, na República Checa e agora é a Suécia que me acolhe.
O meu blogue, tal como o meu cérebro, é uma mistura de línguas. Bem vindos!

Born and raised Portuguese. I have lived in Poland, Brazil, Czech Republic and now I'm in the beautiful Sweden.
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domingo, 7 de abril de 2013

Segurança no Trabalho

Se pensam que este post é sobre o facto de ninguém usar protecção para manusear azoto liquido (que uso quase todos os dias), de não haver ventilação no nosso mini laboratório de química, de não haver batas à disposição nem que se vá mexer em ácidos ou de se deitarem os restos químicos pela pia abaixo estão muito enganados. Estes items podem parecer importantes para a segurança no trabalho, mas não são nada se comparados ao medo constante da possibilidade um dia encarar um arma apontada à minha cabeça.

Há precisamente 2 anos e 3 dias, no dia 4 de Abril de 2011, em torno das 5h da tarde, houve um assalto à mão armada a um gabinete no meu departamento (no corredor ao lado do meu actual gabinete). No gabinete estavam 4 alunos de doutoramento, que eu conheço e vejo todos os dias, e que foram forçados a deitarem-se no chão e a entregarem tudo o que tinham a 2 assaltantes (podem ler a noticia completa aqui). O choque foi enorme, o departamento entrou em pânico e foram proferidas palavras como "isto não pode continuar assim". Foram feitas greves, caminhou-se em grupo até à reitoria para o problema ser ouvido pelo reitor, gritou-se bastante, discutiu-se ainda mais e a conclusão foi que... algo tinha que mudar.

Sendo analisado bem o problema percebeu-se que o prédio não tinha qualquer tipo de segurança. No primeiro e segundo andares há salas de aula e no terceiro e quarto andares há gabinetes e laboratórios. O acesso é livre para todos. Na portaria não há barreiras, qualquer pessoa pode entrar onde quiser. Fechar os 2 últimos andares é impossível por razões de segurança, então o problema tinha que ser resolvido controlando a entrada do prédio. Além disso, fez-se um projecto para colocar cameras de vigilancia no departamento inteiro. 

Hoje, 2 anos depois o que foi feito afinal?

Muito pouco...

1. A entrada continua a ser não controlada, mas há mais porteiros. Já não passamos por uma entrada aberta, mas sim por uma catraca que não é accionada por nada, é só empurrar. Qualquer um pode passar por ali.
2. No corredor onde decorreu o assalto, uma das portas foi trancada e no outro lado foi colocada uma porta de vidro com acesso electrónico por cartão. A porta trouxe ainda mais dores de cabeça, porque frequentemente falha e quem está dentro do corredor fica preso tendo que esperar que alguém que esteja FORA carregue num botão. Além disso, mesmo com a porta fechada é possível cortar o cabo eléctrico que passa pela tranca e em menos de 1 minuto abrir a porta. 
3. Um projecto para colocar vigilância electrónica foi feito mas não houve dinheiro para comprar o material. 
4. Nos primeiros 6 meses depois do assalto foram contratados guardas nocturnos e porteiros para uma outra porta que fica no 4º andar, mas hoje em dia já são bem menos, porque mais um vez não há dinheiro. Além disso, os porteiros são pessoas sem defesa, sem armas e sem treino. Se eles próprios se virem à frente de um cano de uma arma, nada podem fazer. 

Então é isso... depois de tanto barulho, discussões, e exigências com murros na mesa, 2 anos depois parece que já ninguém se lembra do que aconteceu, apesar de continuarem a desaparecer coisas de vez em quando, ao fim de semana...

A mim, a única coisa que realmente me surpreende é não acontecerem mais coisas, mais vezes. 
Triste, muito triste!

2 comentários:

  1. Triste realmente que pouco foi feito para protejer os trabalhadores depois do que aconteceu. Acho que as pessoas que vivem em paises violentos se vao habituando a isso no seu dia a dia e vao ficando relaxados quanto a seguranca. Pelo menos tambem assim me pareceu quando vivi na Africa do Sul. So depois de sair e la ter voltado 2 anos depois e que me apercebi da inseguranca em que tinha vivido durante anos...

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  2. Eu preferia não ter tanta noção dos perigos de morar nesta cidade, mas tenho, o que torna os meus dias e a minha rotina mais chatos. Às vezes as pessoas pensam que sou demasiado cuidadosa, mas as únicas duas vezes que fui um pouco mais despreocupada, lá se foram as minhas coisas...

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