Nascida e criada em Portugal. Já morei na Polónia, no Brasil, na República Checa e agora é a Suécia que me acolhe.
O meu blogue, tal como o meu cérebro, é uma mistura de línguas. Bem vindos!

Born and raised Portuguese. I have lived in Poland, Brazil, Czech Republic and now I'm in the beautiful Sweden.
My blog, just like my brain, is a blend of languages. Welcome!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Factos

Pela primeira vez em muito tempo, não me sinto a gaja mais gorda das redondezas... (as gajas fininhas de bolo gorduroso na mão da Polónia davam cabo de mim).

Em contra partida sinto-me a pessoa mais branca do país!

Big brotherS

A certa altura do dia o sol entra pela janela do meu quarto inundando-o calor e luz. No fim de semana estava eu esparramada na cama a ler e nem foi preciso mexer-me para apanhar sol. Como ainda tenho esta corzita deslavada que criei na Polónia decidi tirar ainda mais proveito e leveitei o vestido para apanhar sol nas pernas todas. Foi então que vi... cinco marmanjos encavalitados uns em cima dos outros pendurados numa das janelas do prédio ao lado... a olhar para mim!

E descobri assim da pior maneira que afinal aqueles janelas não são dos escritórios do shopping aqui do lado...

domingo, 28 de março de 2010

Mineirão


O Mineirão é de momento o segundo maior estádio de futebol do Brasil, sendo superado apenas pelo Maracanã. Em tempos, já foi o segundo maior do mundo. Nos mesmos tempos em que o estádio da Luz era o terceiro maior do mundo. Nos clássicos onde as duas equipas do Mineirão jogam uma contra a outra o estádio divide-se em duas cores diferentes. O hábito foi ficando e quando há jogo do cruzeiro os adeptos preferem todos ficar do seu lado do estádio. Os bilhetes do lado contrário só se vendem se o lado deles esgotar. Nas fotos que eu tirei vê-se o lado vazio do outro lado... não deixa de ser engraçado.

Mineirão com a lagoa da Pampulha ao fundo. Eu moro e trabalho por perto.

Cruzeiro - Dep. Italia (da venezuela)

Há dois anos atrás quando vim a BH morei ao lado do Mineirão. Via-o todos os dias mas acabei por nunca ir ver um jogo. Duas equipas partilham este estádio: o Cruzeiro e o Atlético Mineiro. Claro que existe uma grande rivalidade entre estes dois clubes. 

Nesta altura do ano o Campeonato Brasileiro ainda não começou (nem o nacional nem o regional), e joga-se então a Copa Libertadores, que é como a Liga dos Campeões na América do Sul. Pelo que percebi há mais adeptos do Cruzeiro do que do Atlético (ou pelo menos eu conheço mais) e fui desafiada por eles a assistir a um jogo da Libertadores. 

Primeiro o futebol. O que foi para eles um jogo "meio ruim" foi para mim um óptimo jogo de futebol. O Cruzeiro ganhou por 2-0 e houve muito daquele jeitinho brasileiro de jogar. As fintas, os pontapés fantásticos, os truques... Mas assistir a um jogo de futebol no Brasil é muito mais que isso.

Para começar o que é que se come no estádio? Cachorros quentes? Hamburgueres? Também se vendem mas pouco. O que o povo gosta mesmo é de feijão tropeiro. Que é como quem diz um prato cheio de arroz, feijão, torresmos, vegetais, um ovo estrelado e um bife grande. Para evitar o arrancar olhos tem que se comer tudo com uma colher, o que é um nadinha dificil quando se chega à parte do bife. Teve mesmo que ser à dentada...



Confesso que me senti especial quando subi as escadas e dei de caras pela primeira vez com aquele relvado e com o povo todo aos gritos... de prato a abarrotar de arroz e feijão na mão. Aquilo deu -me que fazer por uns bons 20 minutos de jogo pelo que quando o cruzeiro marcou o primeiro golo foi estranho festejar com arroz a voar em todas as direcções (meu e dos meus colegas, apesar de eles fazerem isto há anos...).

O Raposão é a mascote do Cruzeiro

E quando há golo toda a gente se abraça, ferve, pulam abraçados, amigos ou desconhecidos, entra tudo numa roda de festa. E isso é o melhor. A festa! Ninguém se cala durante o tempo todo. Cantam, insultam o árbitro, insultam os jogadores, o costume mas muito mais que em Portugal. Sentar nas cadeiras? Só durante o intervalo para o pessoal descançar. Porque aqui vêm-se os jogos em pé e em cima da cadeira. Assim pula-se melhor, bate-se palmas melhor, festejam-se melhor os golos. Lembram-se do Euro 2004? É assim, mas 100 vezes mais e em todos os jogos durante o ano...


O Brasil é sem dúvida o país do futebol e a grande parte da "culpa" é dos adeptos. Todas as descrições que eu escreva são insuficientes para transmitir como é ver com os nossos próprios olhos a festa que é o futebol aqui. Por isso virei fã e espero ver muitos mais jogos no Mineirão e não só.

No final ganhei uma destas e virei oficialmente cruzeirense...

CEU

Centro Esportivo Universitário

Na quinta feira fui ao CEU jogar peteca. A peteca é bastante conhecida no Brasil, mas só aqui em Belo Horizonte é considerada um desporto. Pode descrever-se como uma mistura de volei e badminton. Joga-se como se fosse volei, mas em vez de bola usa-se um artefato desportivo com penas (descrição da wikipédia...).

Parecia bem fácil, quando vi jogarem, mas a coisa mudou quando eu mesma experimentei. Já estava escuro e a iluminação era fraca. Mal via a peteca e nunca lhe acertava. Comecei a perceber que a culpa não era da luz mas da minha pontaria. Com algumas dicas precisosas e alguma pratica a coisa melhorou.

No final todos se riram quando viram que eu tinha marcas redondas da peteca nos braços e ombros também e alguém disse: Nossa! Você jogou de corpo e alma, mas principalmente de corpo!

Cheguei a casa tive que esperar que a mão desincha-se para fazer o jantar e no dia seguinte tinha nódoas negras em locais onde não é suposto acertar na peteca. Preciso de treinar muito mais...

sexta-feira, 26 de março de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

É já ali ao lado

Como em todos os lugares de grande dimensão o já ali ao lado dos mineiro é bem mais longe que o nosso. Eles insistem em dizer que eu moro mesmo aqui ao lado, quando na verdade caminho todos os dias 30 minutos duas vezes. Hoje, tinha a (simples) tarefa de ir ao centro, fazer um pagamento e voltar para o trabalho. Numa cidade normal teria sido assim... Mas aqui levou-me umas 5h!

Começou tudo com as obras na avenida principal... O percurso de autocarro, que geralmente leva 20 minutos, demorou 2h! Além disso (e como sempre), o autocarro não fez as paragens que dizia na internet. Pedi ao ajudante do motorista para me avisar quando chegassemos à minha paragem (aqui é comum fazer-se isso) e ele mandou-me sair de repente, quase me empurrando fora do autocarro. Já lá fora, saquei do mapa e percebi... que estava do outro lado da cidade. Ele não deve ter entendido o meu português e baralhou a minha rua com outra parecida!

Caminhei 30 minutos... até encontrar a maldita rua e o maldito predio. Cheia de calor e a suar pelos poros todos, la falo com o porteiro. Mostro documento e ele abre-me uma das cancelas. Não me disse qual e falhei duas vezes. Já a entrar em parafuso lá pergunto qual é que era. Ao ouvir-me, uma rapariga já do outro lado dirige-se a mim e pergunta "tu és portuguese, não és?". Falamos um pouco. Ela está a fazer um estágio naquele mesmo prédio. Acabei por subir também ao andar dela e falar um pouco (ok, isso levou-me 1h extra...).

Foi engraçado falar com alguém que está aqui por outros caminhos e com uma visão diferente da minha. As pessoas fazem o lugar, e sem conhecer as pessoas certas até BH pode ser menos simpática... mas continuo a achar complicado não conhecer pessoas "certas" por aqui...

Quando voltei, obviamente que não estava na paragem certa onde o meu autocarro parava, apesar de a placa da paragem lá ter o número. Fazer o quê? Eu e os autocarros de BH temos estas brigas assim...

Hoje à noite vou à bola... à bola mesmo! Futebol brasileiro a sério e no estádio! Amanhã conto...

Complicou, né?

E foi isto a aula toda...

terça-feira, 23 de março de 2010

Professores

Descontraídos, com expressões cool, e que deixam muito à vontade os alunos nas aulas. Todos se tratam pelo primeiro nome e quem não entende fala naturalmente sem sequer pensar nisso quanto mais temer pôr o braço no ar. Na hora de almoço sentam-se lado a lado, num ambiente de galhofa, de modo a que quem não sabe pensam que são colegas (aconteceu-me a mim, quando um dos jovens professores lá do lab passou o almoço inteiro na brincadeira com 3 jovens que eu não sabia serem seus alunos).

Tudo aquilo que vimos em novelas como a malhação, por exemplo, é absolutamente verdade. O ambiente é muito agradável!

Nada parecido às vénias que se viam na Polónia, onde os alunos iam a medo bater à porta dos gabinetes pedir emprestado um livro ao professor e ai deles que se queixassem de este dar a matéria demasiado rápido. Se não entendessem, tivessem entendido. 

A verdade é que vejo aqui mais respeito entre todos do que lá, onde se fala nas costas...

Aulas

Quatro ano depois... voltei às aulas. Decidi assistir às aulas de Física do Estado Sólido. Não sei se foi da maturidade, de ter sido no Brasil na presença de um grande cientista com um ar descontraído, ou da imensa vontade de aprender... só sei que passou num instantinho e adorei!

Será que isto passa? Até dava jeito que não passasse...

domingo, 21 de março de 2010

The words of the day

There is a time to work and there is a time to party... Brazilians know how to do both in a brilliant way.

UFMG

A UFMG, meu novo local de trabalho é uma grande universidade brasileira. O campus é enorme, com tudo o que é preciso e muitos espaços verdes e árvores. Bem "à Brasil". O departamento de Física, no último andar de um dos edíficios, é o máximo. O ensino da física é muito forte e bem estruturado. Os alunos são extremamente bem preparados (nada de exames de 15 minutos como na outra universidade), o que se nota bem nos estudantes de doutoramento. Sendo assim, ando meia perdida... a minha física é a básica mas tenho esperança de conseguir entender todas as conversas um dia.

O departamento em si é muito agradável. Os corredores, apesar de cobertos, não têm janelas mas são abertos. Há jardins e plantas em todos os cantos, mas mantidos a céu aberto. Adoro passear nos corredores quando chove... vê-se a chuva a cair lá dentro, mas o corredor não fica molhado.
As pessoas são super abertas e simpáticas. Todos se conhecem e o ambiente é bom. Há tempo de trabalho e tempo de farra. E eles mais do que ninguém saber fazer os dois de forma brilhante...


Um dos corredores... a cada par de casas de banho há um lugar com água filtrada e fresquinha para beber.

A praça central do departamento onde o pessoal se encontra para ir a algum lado, para fumar um cigarro, ou somente para conversar e descontrair.

Os jardins perdidos lá pelo meio...



Bonito não é? É o meu novo local de trabalho ;)

Segredinho

Ok, eu conto um bocadinho...

A minha ex-chefe encontrou o meu novo chefe e entre outras coisas foi-lhe dizer que eu tinha problemas em cumprir horários e chegar a horas... (provavelmente uma das ultimas coisas de que ela se pode queixar sobre mim).

Só me vinha à cabeça aquela história de quando ela me pediu para chegar antes das 9h para tratarmos de uns documentos extremamente importantes e depois foi ao cabeleireiro e apareceu lá às 11h...

Brasil Vs. Polónia

A diferença entre morar no Brasil ou na Polónia é assustadoramente grande... bem, seria assustadora se tivesse que ir morar lá outra vez. Estes dois países são como o branco e o preto. Em tudo, mas principalmente na atitude das pessoas. Já fiz mais amigos aqui em 2 semanas, que na Polónia em 3 anos.

Eu sei, que há portulacos que são/foram muito felizes lá, o que leva muitos a pensar que a culpa foi minha. A cada dia que acordo aqui tenho mais a certeza que não. A culpa não foi minha, mas do lugar onde fui cair. Do ninho de cobras onde fui parar, que continua a fazer estragos por lá... e tenta fazer estragos por aqui também... Mas não consegue, porque a atitude deste lado do mundo é bem diferente.

Agora, de cada vez que leio algo desagradável (porque infelizmente ainda continuo ligada aquele mundo) é diferente.
Leio.
Irrito-me.
Respondo.
Fecho o email.
Olho o céu azul lá fora e esqueço tudo...

sábado, 13 de março de 2010

Passadeiras

Na Polónia ninguém parava nas passadeiras, e aqui não é melhor. Mas daí a buzinarem-me insistentemente quando já vou a meio... 
(A passadeira não tinha semáforos e quando comecei a atravessar não havia carros!)

Sexta à tarde

Podia ter acabado de medir e vir para casa, mas não... tinha que lá ficar a fazer asneiras naquela porcaria toda...

terça-feira, 9 de março de 2010

Physics vs Chemistry

Talking inside the Raman room...

Me - Our machine in Poland was different. Everything was automatic. You just had to put a sample, focus on it without the laser, press a button and you would have the whole spectra at once.

C. - Ahhh, one of those machines for chemists.

Blog bilingue

A pedido de muitas famílias (ou quase) vou publicando por aqui uns posts em inglês, ok?

No chuveiro

Aqui não há água quente/água fria. Aqui escolhe-se entre Inverno e Verão, ou seja varia-se entre água fria e água menos fria. Por enquanto está bem, mas e quando chegarmos aos 15ºC do Inverno?

De cabelos em pé

Não há espelho no quarto.
Não há espelho na casa de banho.

Só por curiosidade... como é que os rapazes fazem a barba?

Sem tecnologia

Ainda não tenho internet em casa.

O meu telemovel não carrega porque a corrente aqui é diferente.

Há uma TV em casa, mas nos 6 canais só passam debates, notícias, talk shows e documentários da tetra.

Até o meu radio despertador… descobri que ligado à corrente aqui o tempo passa mais rápido. Acordei marcava 11h (e pensei o quê??? Dormi 12h???). Uma hora depois descobri que estava mal e eram só 8.30…

segunda-feira, 8 de março de 2010

Companheiros de casa

Vivo com:

O M. que é piloto (cool!!).

O E. que é Libanês e muito engraçado. Dá gargalhadas contagiosas e está sempre aos pulinhos. Muita vezes vejo nele o Pikasso. É físico teórico e também colabora com o meu grupo. Ouve música árabe e canta em altos berros.

Para a semana chega um outro estudante que vai aprender a pilotar. Pode ser que um dia tenha viagens à borla…

Hospitalidade mineira

O povo de Minas Gerais é conhecido pela sua hospitalidade. Fui acolhida com muita alegria pela dona da minha nova casa. Parece-me que ela não tem muita experiência em alugar casas. Como é uma casa de rapazes ela achou por bem fazer um quarto no patio, juntamente com uma casa de banho. Tudo só para mim. Foi uma querida mas havia várias contrapartidas. 

O quarto era minusculo (6m2) e só tinha uma cama e um armário. Eu e as malas todas lá dentro enchíamos todo o espaço. Não tinha tomada nenhuma! A casa de banho ainda mais pequena. O pior mesmo era as duas coisas darem para o pátio. Ir à casa de banho a meio da noite era uma festa. Ensonada destrancava a porta do quarto, a seguir estava na rua, e destrancava a da casa de banho. Depois o mesmo mas em sentido contrário. Até nem era muito mau se as portas não estivessem todas perras e não custassem a abrir. É que andar ás mocadas para abrir aquilo às 3 da manhã não fazia parte dos meus sonhos.

Dois dias depois mudei-me para um quarto “normal”.

Agora tenho uma cama, um armário, uma mesa minuscula e uma cadeira.

Regresso a BH

O regresso a BH foi no mínimo excitante. Tinha vontade de viver tudo de novo, mais o que não vivi da última vez. Tinha também vontade de rever todos os amigos que cá fiz. Muitos deles nunca mais tinha visto. Assim que cheguei ao aeroporto revi tudo outra vez. Lembrava-me dos lugares todos e da paisagem do autocarro até à cidade. Cheguei aos meus aposentos (e que aposentos!), deixei as malas, tomei um banho e libertei-me das roupas mais quentes. Subi a rua e fui direitinha à universidade. Sem me enganar naquele labirinto de corredores, jardins e largos que é o 4º andar, dirigi-me ao laboratório. Laboratório aquele que agora também é meu. E abracei aqueles que lá estavam. Os que conhecia e os que não conhecia, porque no Brasil é assim mesmo. E as saudades dos frios apertos de mão não são nenhumas...

Visitei também outras salas e laboratórios de pessoas que ainda se lembravam da portuga. Por fim veio o P., meu futuro (actual?) chefe. Um largo sorriso e um forte abraço,  que me fez sentir em casa.

Agora já me lembro exactamente porque é que decidi voltar...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Cheguei...

Estou no Brasil. Correu tudo bem e sem grandes aventuras na viagem.
Matei saudades de todos os amigos que cá deixei e também de alguns locais. Tão bom estar de volta!!!

Quando tiver menos sono conto mais!